Qual a mágica que transforma algo simples em algo especial?

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“É que é feito com amor”

Dia desses estávamos na casa da minha avó para um almoço em família. São dinâmicas diferentes agora, em tempos de COVID-19: diminuição de contato físico, demonstrações de carinho só com uma distância segura. Mas a conversa, as risadas e o borburinho se mantém fiéis. Eis que surge na mesa um comentário sobre o arroz da minha avó ser incrível. Em meio a tantos elogios e sondagens a respeito da tal receita usada para fazer o arroz: “deve ser o alho que ela frita antes”, “é o tempo de fritura do arroz antes de colocar a água”, “acho que é a panela de ferro, com certeza é a panela de ferro”, minha vó observa e com um ar sábio diz “é que é feito com amor”. Pronto. Desmontou qualquer tentativa de decifrar a mágica alquimia alcançada por aquelas mãos. Não é um simples arroz. É um arroz feito com amor. Não se trata de receita, panela ou temperatura (embora essas coisas possam ajudar no processo), trata-se de fazer o que se faz com amor.

E se encaixa tão bem pra tudo. Já percebeu a diferença de fazer o que quer que seja com amor? Observe. As pessoas, enquanto fazem algo com amor, cintilam. O olho brilha, o rosto transparece a verdade e a verdade é linda! O amor é capaz de fazer com que o ser humano faça qualquer coisa com muito mais gás, energia, vitalidade e alegria. Uma pessoa que ama aquilo em que trabalha faz seu trabalho com entrega e o resultado será completamente diferente daquele resultante de um trabalho sem amor.

O amor move. O amor preenche. O amor transborda. É desse estado de amor por algo que a criatividade resulta.  Gosto muito de uma citação da Clarissa Pinkola Estés no livro Mulheres que Correm com os Lobos sobre criatividade que diz

“Trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo — seja por uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma ideia, pelo país ou pela humanidade — que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar. Não é uma questão de querer; não é um ato isolado da vontade. Simplesmente é o que se precisa fazer.”

As criações provenientes do amor são diferentes. Esse blog é proveniente do amor. Você consegue perceber isso? Esse projeto, Curandeiras de Nós, nasceu da busca do amor de uma mulher por ela mesma, em uma jornada de resgate de uma autoestima adoecida e de uma reconexão com a energia feminina. Teve início na (re)descoberta do gosto pela arte, dança, canto e escrita.

A ARTE – imergir para emergir

A arte é o que resulta do movimento de emergir após imergir. Tão bem utilizada para dar vasão a intenções e sentimentos. É capaz de tocar no mais fundo da alma de quem a expressa e de quem tem o prazer de apreciá-la com presença. A arte é uma forma latente de vida. É aquilo que não se pode conter. O que é feito com o coração é arte. 

A DANÇA – águas em movimento

A dança entrou na minha vida na infância, sempre incentivada pela minha mãe e pelo meu pai. Entusiastas da participação na cultura gaúcha, no ballet, no jazz, nas apresentações da escola. A dança sempre esteve ali, de uma forma ou de outra. Só que em 2016 a dança entrou na minha vida de uma outra forma, com uma proposta totalmente diferente das anteriores.

O Amor, Movimento e Dança me mostrou que todo o corpo tem sua própria dança, que toda a dança é válida, que corpos diferentes fazem movimentos diferentes e que todo o movimento é belo. Esse grupo, sediado em Santa Maria – RS, surgiu da intenção de envolver na dança mulheres que não se encaixavam tão bem em grupos mais tradicionais, com rigidez de movimentos, com distinção de “certo e errado”. A partir de um olhar sensível e empático da talentosa Milena Colognese, facilitadora do projeto, me senti acolhida, pertencente e percebi naquele espaço, uma possibilidade de transformar emoções em dança, de criar a partir do movimento do corpo e tocar outras pessoas com as mensagens que carrego no meu interior.

Nesse espaço, encontrei o verdadeiro sentido da dança. Para mim, a dança funciona como um espaço de transformação a partir do movimento corporal. Por meio da dança, me permiti subir ao palco do teatro da minha cidade ao lado de mulheres nas quais confio e admiro profundamente para passar uma mensagem advinda dos nossos corações.

O CANTO – a voz da alma

Cantar é abrir o chakra laríngico, é permitir a emissão de sons provenientes dos movimentos das águas internas. É transformar o balanço das ondas do mar interior em ondas sonoras. É expansão da caixa torácica, é o divino expresso em som. 

O canto também veio na minha infância. Como expressão de amor, lembro de cantar para minha irmã na barriga da mãe, transbordando afeto, acariciando com hidratante corporal aquela sinuosidade habitada por outro ser, que logo mais dividiria um espaço terreno ao meu lado. Tempo depois, passei a cantar no coral da minha cidade. Cantar em grupo foi um bom refúgio porque ali, em meio a tantas vozes, eu não julgava a minha própria voz.

O canto sempre me despertou emoções. Cantar é permissão. Permitir a emissão de sons provenientes da minha alma.

E hoje, quando quero me conectar comigo a um nível mais profundo, entoo sons, de olhos fechados, percebendo a vibração do meu corpo advinda dessa emissão. O canto continua sendo uma poderosa ferramenta de expressão do meu ser.

A ESCRITA – materialização criativa de pensamentos 

Uma das formas de expressão mais fluidas para mim. A escrita me permite a colocação de pensamentos em ordem. Permite passar uma mensagem. Permite a objetividade da subjetividade. Enquanto as ideias fazem parte do meu mundo interior, elas me parecem caos, mas quando as materializo em texto, consigo perceber ordem no caos.

Escrever é uma forma de conectar dois mundos, o mundo interior com o mundo exterior. A escrita é mais uma agente de transformação. Pode ser didática, potente, assertiva. Pode provocar as mais diversas emoções, mas uma coisa é certa: a escrita é capaz de gerar conexão.

A POESIA – uma forma sincera e honesta de expressão

A poesia, para mim, funciona como um espelho. Ela reflete um interior profundo e cheio de subjetividade. Ela fala de sensações, de emoções. Ela é o resultado de ondulações provocadas por sentimentos. Ela é a forma dada a anseios, ilusões, dores e amores. Elas são as pegadas no chão da casa após um passeio na chuva. Elas são, também, a própria chuva.

A poesia, para existir, necessita basicamente de uma página em branco, de algo que seja capaz de marcar a folha e de uma pessoa que tenha sido marcada pela vida. Nesse ponto, a mente deve ser capaz de silenciar-se para que o resultado seja proveniente do coração.

A arte, sem dúvidas, é feita com amor. Agora, tudo pode ser feito com amor. Experimente fazer uma atividade corriqueira com amor, por exemplo: tomar um banho sentindo amor por cada centímetro do seu corpo. É possível que depois dessa experiência, você passe a querer fazer tudo com amor. Afinal, fazer com amor é o que transforma algo simples em algo especial.

Depois me conta como foi a experiência? Vou ficar imensamente feliz de dividir isso comigo.

Compartilho contigo um vídeo em que conto como foi o resgate do feminino em mim:

Um beijo ❤

Bruna Pinheiro

Publicado por bruinsights

Bruna Pinheiro é Comunicadora de formação e atuante na área. Com formações em Coaching e Programação Neurolinguística, busca no autoconhecimento compreender melhor a si e vencer limitações que bloqueiam a total expressão da sua alma selvagem. Entusiasta das diferentes formas de expressão gosta de escrever, cantar, dançar e conversar. Unindo seu amor por comunicação, seu interesse por desenvolvimento pessoal e pelo universo do sagrado feminino ao seu forte apelo terapêutico, criou esse blog para dar vasão ao seu propósito de ajudar mulheres a resgatarem a sua autoestima e empoderarem-se através do autoconhecimento. Durante o ano de 2019 facilitou círculos de mulheres, mais conhecidos como Conversas Guiadas, inspirados no livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés. Esse projeto ajudou dezenas de mulheres a acessar conhecimentos sobre a psique feminina, resgatar sua autoestima, contribuindo fortemente para seu empoderamento.

5 comentários em “Qual a mágica que transforma algo simples em algo especial?

  1. Uma das coisas mais bonitas que percebi de uns anos para cá não é só que não faz sentido não fazer o que se ama, mas que tudo é melhor quando se ama o que se faz e quando conseguimos nos conectar com pessoas da mesma área que têm tanta paixão por aquilo quanto a gente. E sempre chega uma hora em que recebemos nossos chamados e precisamos respeitá-los porque são eles que nos trazem de volta para nós. Foi o que aconteceu comigo e com a arte em geral, a poesia e a escrita. De muitas maneiras isso me salvou e continua salvando. Pode demorar pra que a gente se dê conta da dimensão disso, mas é tão bonito e facilita tanto… E nos induz a prosseguir com cada vez mais vontade a cada trabalho executado para que a gente evolua tanto quanto a nossa arte ou o que quer que façamos.
    Até nas cartas do tarô isso se aplica. Mesmo quando apresentam os mesmos arquétipos, cada baralho possui uma energia porque foi feito com uma intenção diferente. A arte nos toca de maneira particular por causa da intenção de quem fez e da percepção de quem recebe, mas o impacto sempre existe. Assim como o arroz da vó Neli e o bolo de chocolate da minha avó 😉
    Não sabia da conexão do canto com o chackra, mas sei que é poderoso, chega direto nas emoções principalmente quando é intencional e genuíno. Um tempo atrás ouvi uma palestra sobre os sete dons espirituais e um dos que o mestre mencionou foi o dom da energia, que é quando a pessoa chega num lugar e imediatamente todo mundo quer ficar perto porque é gostoso e ouvir o que essa pessoa tem a dizer, ou só fazer companhia mesmo. O mestre falou que muitos cantores propositalmente treinam esse dom para melhorar a conexão com o público e citou alguns exemplos – pensei cá comigo em artistas que ouço com frequência e acho que consigo perceber isso neles também, ainda que provavelmente sem que saibam que têm essa parte desenvolvida tanto pelo que fazem como pela provável caminhada espiritual que certamente vêm tendo 🙂

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    1. Bah sim, tu falou algo que é primordial: tudo é melhor quando se ama o que se faz. Me sinto muito conectada com as tuas palavras. A energia que conecta as pessoas também, ótimo exemplo o dos cantores. Valeu pela contribuição ❤

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      1. De nada! A graça está aí, eu acho – nas pessoas que no fim das contas têm o mesmo sentimento e propósito, é com elas que a gente mais aprende. Fazer o que se ama e amar o que se faz.

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